Azeite falsificado: saiba como identificar fraudes (e prejuízos para a saúde) em restaurantes e mercados
24/06/2025
(Foto: Reprodução) Mesmo após ações da Anvisa contra marcas impróprias de azeite, fraudes seguem comuns em estabelecimentos. Especialistas explicam como se proteger. Azeite de qualidade é extra-virgem, envasado há menos de 1 ano e com informações importantes no rótulo.
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Verificar o rótulo da garrafa no restaurante pode parecer suficiente para garantir que você está consumindo azeite extra-virgem, mas não é.
Mesmo após recentes proibições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a marcas consideradas impróprias, a prática de substituir azeite por óleo ainda é comum em estabelecimentos, segundo especialistas ouvidos pelo g1.
O problema vai além do sabor. A azeitóloga Ana Beloto explica que o azeite de qualidade traz benefícios à saúde, como redução do colesterol ruim (LDL), aumento do colesterol bom (HDL) e ação antioxidante e anti-inflamatória. Já os produtos adulterados podem ter menos nutrientes, conter substâncias indesejadas — até tóxicas — e causar alergias ou reações adversas.
Como saber se é azeite?
Em um restaurante, a primeira orientação é observar a embalagem. “Azeites de qualidade geralmente estão em garrafas de vidro escuro, verde ou âmbar, que protegem o produto da luz e ajudam a preservar suas propriedades”, afirma Ana.
Ela recomenda conferir se o rótulo informa que é extra-virgem, além da procedência, data de validade e de envase.
Ainda assim, só o rótulo não basta. “Garrafas de boca larga facilitam a troca do azeite por óleo. Por isso, é importante ir além da leitura e fazer uma análise sensorial”, diz Ana.
O azeitólogo Marcelo Scofano reforça: “A maneira mais simples de descobrir se é azeite de verdade é provando”. Ele sugere pedir ao garçom uma colher ou até um copinho para fazer o teste.
Diferenciando o paladar
Na hora de experimentar, explicam os especialistas, há alguns detalhes palatáveis que ajudam a diferenciar um azeite de verdade de uma mistura oleosa.
AROMA - “O azeite extra-virgem tem aroma fresco e frutado, com notas de ervas, folhas, frutas ou de azeitona fresca. Se tiver cheiro rançoso, de mofo, de gordura velha ou fermentado, provavelmente é de baixa qualidade ou está adulterado”, diz Scofano.
SABOR - “O azeite de verdade tem equilíbrio entre amargor e picância”, destaca Ana. “O amargor indica presença de polifenóis, e a picância, aquela ardência na garganta, aponta a presença de antioxidantes. Se for muito oleoso, pastoso ou com sabor neutro, é sinal de que pode ser uma mistura de óleo refinado.”
E no supermercado, como identificar?
Com a garrafa lacrada, é mais fácil identificar um bom azeite. “O rótulo é uma fonte valiosa de informação. Sempre busque azeites classificados como extra-virgem”, orienta Ana Beloto.
Outro ponto fundamental é observar a data do envase. “A recomendação é que não se consuma azeites envasados há mais de dois anos, mesmo que estejam dentro da validade”, afirma Scofano.
“O ideal é escolher produtos envasados há, no máximo, um ano.”
Além disso, o especialista sugere buscar selos de qualidade. “Procure por certificações como I.G.P. (Indicação Geográfica Protegida) ou D.O.P. (Denominação de Origem Protegida), que garantem que aquele azeite segue padrões rigorosos de produção e procedência”, explica.
Sinais de alerta na hora da compra
Na dúvida, há detalhes negativos aos quais o consumidor pode se agarrar para descartar azeites possivelmente fraudados.
Preço muito baixo. “Se o preço estiver muito abaixo da média, desconfie”, alerta Scofano. “Para produzir um litro de azeite extra-virgem são necessários, no mínimo, 10 kg de azeitona. Isso gera um custo alto. Azeites baratos demais tendem a ser de baixa qualidade ou adulterados.”
Rótulo confuso ou incompleto. “Desconfie de rótulos genéricos, com excesso de idiomas ou frases como ‘tempero português’, ‘tempero espanhol’. Isso indica que não se trata de azeite puro”, orienta Ana.
Falta de informações essenciais. “Todo azeite deve informar no rótulo a data de envase, validade, país de origem e o nome do produtor ou envasador. Se essas informações não estiverem lá, as chances de fraude são grandes”, alerta a azeitóloga.
Suspeita de fraude: o que fazer?
Se houver suspeita de fraude ou má qualidade, o consumidor pode acionar o (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) Procon do seu estado para registrar a reclamação. Questões ligadas à segurança dos alimentos podem ser denunciadas diretamente à Anvisa.
O site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) também oferece informações sobre normas de qualidade e fiscalização de alimentos, incluindo os azeites de oliva.
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